Educação
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Por Pâmela Dias — Rio de Janeiro

Mais do que incentivar o debate sobre o racismo estrutural, neste domingo, Dia da Consciência Negra, o Canal Futura, em parceria com movimentos e instituições sociais, realizará eventos no Quilombo do Sacopã, no Rio de Janeiro, e no Quilombo do Mimbó, no Piauí, para celebrar o 20 de novembro enquanto uma data de resistência para a população negra. Com participação de ativistas e educadores, a iniciativa vai ser palco de estreia do documentário “Mimbó”, do cineasta Chico Rasta, que exalta a luta da comunidade por território e educação.

Durante a programação serão promovidas palestras com profissionais da educação engajados na temática antirracista, haverá exposição de livros, além a exibição do filme. O evento será aberto ao público em ambos os estados.

Vencedor do 12º Doc Futura, o documentário Mimbó conta a história do quilombo, localizado na cidade de Amarante, no Piauí, que abriga cerca de 600 pessoas. O território nasceu há 200 anos, a partir de quatro escravizados fugidos que viveram por 30 anos dentro de uma caverna sem saber que, naquele período, a abolição já havia sido aprovada. Hoje, o Mimbó é símbolo de resistência, especialmente no processo de reivindicação dos títulos de posse da terra junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O filme será exibido no Canal Futura nos dias 20, às 20h, e 22, às 2h.

— Todos os projetos propostos pela Fundação Roberto Marinho têm uma missão social de conscientizar. Eles acontecem durante todo o ano, mas especialmente nesse 20 de novembro queremos dar mais ênfase às lutas diárias vividas e vencidas pelos negros e negras no Brasil. Isso nada mais é que uma reparação histórica e uma contribuição que vai formar uma sociedade livre de preconceitos através da educação — explica Acácio Jacinto, gerente adjunto do Futura.

Acácio Jacinto, gerente adjunto do Futura — Foto: Divulgação
Acácio Jacinto, gerente adjunto do Futura — Foto: Divulgação

De 8h às 16h30, a comunidade quilombola Mimbó vai reunir os convidados em um evento especial, na Av. Pedro Rabelo da Paixão, SN - Amarante, Piauí. Já no Rio de Janeiro, o Canal Futura vai reunir das 10h às 17h diversos projetos antirracistas no Quilombo do Sacopã, na Lagoa Rodrigo de Freitas. Constituída em 1929, o local é a última comunidade tradicional negra na Zona Sul carioca.

Estão confirmadas as presenças de autoridades de projetos relevantes à educação antirracista, como o Projeto Seta (Sistema de Educação por uma transformação antirracista), Redes da Maré, Livraria Timbuktu e o grupo Afrolage com sua Roda de Jongo.

A especialista em educação e raça do Projeto SETA, Luciana Ribeiro, reforça a importância do evento em celebração ao Dia da Consciência Negra acontecer em um Quilombo. Para ela, é significativo no sentido de colocar em evidência a importância de valorização da história de resistência e protagonismo do povo negro na construção do país.

— Partir dessa data para reconhecer e não mais negar a existência do racismo estrutural, enfrentando com honestidade e lucidez que este mecanismo mantém e reproduz as desigualdades sociais da população negra, em todas as esferas que organizam a sociedade, é compreender que a representação de Zumbi de Palmares não é somente uma data comemorativa, mas, sim, uma data que denuncia toda a luta contra a opressão racial e demarca o protagonismo do movimento negro por uma sociedade antirracista — analisa a especialista.

Homenagem e conscientização 24h nas telas

Para que os conteúdos sejam ainda mais impactantes e tenham mais visibilidade, o Canal Futura também lançou este mês a hashtag #reconhecerereparar, com uma programação focada na causa antirracista.

No domingo, a programação na TV será 24h voltada à temática racial, dividida em diferentes faixas: Faixa Infantil, Faixa Musical, Educação Antirracista, Universo Futura, Faixa Verde, Empreendedorismo e Cineclube. Além dos programas, durante os intervalos, vários conteúdos com peças de curta duração serão exibidos. Confira a programação aqui.

— O Canal Futura e a Fundação Roberto Marinho têm a preocupação de pautar a educação antirracista há muito tempo na educação. Alunos e professores acompanham há décadas conteúdos que falam sobre a história afro-brasileira, suas culturas e contextos contados a partir da perspectiva negra. O objetivo é dar subsídios para o professor trabalhar perspectivas afrocentradas em sala de aula, empoderar crianças e jovens negros, além de explicar a importância de práticas antirracistas para os não-negros — ressalta Maria Correa e Castro, líder de projetos da Fundação Roberto Marinho.

Programação no Rio de Janeiro:

10h/10h30h – Momento de Confraternização

11h – Abertura e boas-vindas – Projeto SETA, Consciência Negra e Canal Futura

Palestras:

11h30/13h 11h30 – Pâmela Carvalho (Redes da Maré, educadora social e pesquisadora) fala sobre a importância do 20 de novembro para o enfrentamento ao racismo

12h30 – Gaby Makena (doutoranda em educação, ativista intelectual e idealizadora da Livraria Timbuktu) fala sobre a importância de uma educação afrocentrada (alfabetização), suas experiências com crianças. Exposição de livros durante o evento

14h30 - Acácio Jacinto anuncia a abertura do edital do 13º Doc Futura e exibe o vídeo de 1 min do diretor do documentário “Mimbó”, Chico Rasta

Exibição do Documentário “Mimbó”

Das 15h às 16h30 - Roda de Jongo AFROLAGE com uma fala sobre a importância do Jongo como cultura ancestral negra.

17h – Encerramento

Programação no Piauí:

8h - Abertura e falas dos convidados

9h - Exibição do documentário Mimbó, vencedor da 12ª Edição do Doc Futura

10h - Apresentação do Pagode do Mimbó e Terreiro de Ogum

11h - Desfile para Escolha do Mister, da Musa e da Miss Beleza Negra

12h30 - Almoço

14h - Anúncio do Resultado do Concurso Beleza Negra

15h30 - Show Musical

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