Educação
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Por Bruno Alfano, Paula Ferreira e Pâmela Dias — Rio e Brasília

Os resultados de Língua Portuguesa caíram consideravelmente no 2º ano do ensino fundamental, etapa da alfabetização de crianças. Enquanto em 2019 os estudantes obtiveram 750 pontos na área, em 2021,a média caiu para 725,5 pontos. Já em matemática a queda foi de 750 para 741.

— O resultado do Saeb mostra o que já era esperado: a etapa mais afetada foi segundo ano em língua portuguesa, que é a alfabetização. É senso comum que para alfabetizar uma criança é preciso ter conhecimento de como fazê-lo. Já era esperado com o fechamento das escolas que a etapa fosse a mais afetada. A boa notícia é que os impactos para demais etapas da educação tiveram efeito menor do que esperado. Isso se deve muito pelo trabalho feito em todo território nacional de tentar buscar soluções alternativas — afirmou o ministro da Educação, Victor Godoy.

Técnicos do Inep frisaram que a etapa é a mais sensível aos efeitos da pandemia, sobretudo porque nessa fase a mediação de um professor presencialmente é fundamental para garantir a aprendizagem.

— O ponto de maior atenção é a alfabetização, a língua portuguesa no segundo ano do ensino fundamental. Foi onde observou diferença maior e nesse sentido a comparabilidade é um recurso muito rico porque permite a gente entender o que aconteceu no período de pandemia e planejar melhor intervenção. essas crianças precisam de ajuda para superar essas lacunas e estão sentadas agora em turmas de terceiro ano de todo brasil. Estamos em tempo e condições de intervir na superação dessa lacuna observada — afirmou Clara Machado, servidora do Inep responsável pelo Saeb.

Essa é a segunda vez que essa etapa escolar é avaliada. A prova é feita por amostragem. Ou seja, nem todos alunos participam.

Para a analista de Pesquisa e Avaliação da Fundação Roberto Marinho, Rosalina Soares, o segundo ano do ensino fundamental precisa ainda de um acompanhamento redobrado, visto que na próxima pesquisa, que será realizada em 2023, a turma que estará no quarto ano escolar não fará parte do corpo discente avaliado. O Saeb avalia estudantes dos 2º, 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e de 3ª e 4ª série do Ensino Médio.

— Foram mais de 280 dias de escolas fechadas, que impactou especialmente as crianças mais vulneráveis, de classe C, D e E, no qual os pais, por também apresentarem dificuldades, não conseguiram ensinar de casa. Ano que vem eles estarão em uma série que não será avaliada, mas é necessário que haja um olhar por parte do MEC e outras instâncias educacionais para garantir que essas crianças saiam da invisibilidade e tenham o direito à aprendizagem garantido — explicou a analista.

O cenário desanimador da alfabetização, na visão de Rosalina, deve ser ainda pior, visto que a pesquisa não avaliou integralmente os alunos. Segundo a analista, o acompanhamento integral do aluno nas avaliações, especialmente de Língua Portuguesa, é fundamental para todas as áreas da vida do aluno.

— Os 30% das crianças que não participaram da pesquisa tendem a ser a parcela que mais apresentou vulnerabilidade na pandemia. Ou seja, a alfabetização deve estar ainda mais defasada porque não contemplou todas as realidades — analisou. — A Língua Portuguesa é a base para exercer seus direitos de cidadão, na leitura e escrita. Os alunos precisam dessas ferramentas para identificar diferenças entre fato e opinião, por exemplo, especialmente nesse momento crítico de desinformação que vivemos, e desenvolver outras habilidades dentro e fora da sala de aula — concluiu.

34% dos alunos não sabem ler e escrever

Em comparação com 2019, a porcentagem de crianças que ainda não sabem ler e escrever nem mesmo palavras isoladas mais do que dobrou em 2021. O índice subiu de 15% para 34%. De acordo com a Base Nacional Comum Curricular, o aluno deve terminar o segundo ano do ensino fundamental alfabetizado. No entanto, a etapa foi a que mais sofreu por conta de escolas fechadas.

Desde o início da pandemia, educadores já alertavam para os riscos da interrupção de aulas presenciais para os estudantes dessa etapa. Apesar da disponibilização de materiais impressos e conteúdos on-line para os alunos, a realidade socioeconômica brasileira representava um obstáculo à aprendizagem dos estudantes. Uma parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE), publicado em abril de 2020, determinou que as redes de ensino orientassem os pais a respeito da alfabetização de crianças.

A etapa foi alçada como prioridade do governo de Jair Bolsonaro desde o início do mandato. Já nos primeiros dias de governo o Ministério da Educação criou a Secretaria de Alfabetização (Sealf), sob comando do olavista Carlos Nadalim. À frente da pasta, o secretário lançou a Política Nacional de Alfabetização, que colocou o método fônico como estratégia principal de alfabetização de crianças. Na época, a medida foi amplamente criticada por especialistas em alfabetização, que defendem que não deve ser imposto único modelo para ensinar os estudantes.

Entre as iniciativas lançadas, o governo criou o programa "Tempo de aprender", que propõe diretrizes para a etapa e oferece cursos de formação para professores. Quando a iniciativa foi lançada, às vésperas da pandemia, gestores estaduais e municipais afirmaram que o MEC desconsiderou políticas já desempenhadas pelos entes.

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